A amamentação é um dos laços mais fortes entre mãe e filho. A troca de olhares, o afeto e as conexões neurológicas formadas nesse momento são extremamente benéficas para a mãe e para o bebê.

Entretanto, engana-se quem pensa que amamentar é uma tarefa fácil. As dificuldades vão surgindo e as mães, principalmente as de primeira viagem, não sabem como reagir e resolver as situações. No texto de hoje vamos apresentar os maiores desafios do aleitamento e  tentar ajudar a resolvê-los.

Antes vou só reforçar alguns passos para ajudar no sucesso do aleitamento materno: Amamentação já na primeira meia hora após o parto, não oferecer ao bebê nenhum outro alimento (a não ser que tenha indicação médica), amamentação sob livre demanda e não usar bicos artificiais.

Dor na amamentação

É muito comum a mulher sentir dor durante a amamentação e isso pode acontecer por diversos motivos: pega incorreta, mamilo rachado ou mama muito cheia de leite. Porém, o motivo mais comum é a pega incorreta.

As dores ocorrem, principalmente, nas primeiras semanas, quando mãe e bebê ainda estão aprendendo. É uma fase de muita paciência e aprendizado.

A dor na amamentação é muito frequente na primeira semana (79%). Quando ela persiste ou aumenta após a primeira semana é melhor buscar ajuda. Na rede pública os Hospitais com o Selo Amigo da Criança tem bancos de leite especializados e sempre dispostos a ajudar. Para quem tem condições financeiras existe a opção de chamar uma consultora de amamentação em casa (nesse caso pesquise as referências da consultora ou peça indicação ao seu pediatra).

Embora o motivo mais comum seja a pega incorreta, existem outras causas que necessitam de avaliação médica, como a candidíase mamária, mastites, ingurgitamento mamário (“mama empedrada”), obstrução de ducto mamário, traumas mamilares, entre outras. Cada uma dessas causas tem um tratamento específico, por isso a necessidade de uma avaliação médica. Mas é importante frisar que nenhuma dessas complicações contra indica a amamentação.

Falta de apoio da família

Toda gestante e mãe de recém-nascido sabe que não faltam palpites, críticas e julgamento das pessoas que estão em volta. São frases como: “seu leite é fraco”; “não está sustentando o bebê”; “dá logo uma mamadeira pra ele”. Tudo isso pode ser frustrante para a mulher que está aprendendo a ser mãe e acabar resultando em desmame precoce.

Em momentos como esses é preciso, primeiramente, tranquilidade e segurança para manter a amamentação. Jamais desista sem antes conversar com seu médico.

Vários estudos comprovam que o apoio do marido, por exemplo, é um dos responsáveis pelo sucesso e maior tempo de amamentação. Além disso, alinhar com seu companheiro um horário de visitas reduzidos, enquanto vocês vivem essa fase de adaptação, também pode ser eficaz.

Pouco leite

Antes de tudo é importante deixar claro que não existe leite fraco!

Em alguns casos, como por exemplo cirurgias mamárias (principalmente algumas técnicas de mamoplastia redutora), pode acontecer alguma redução no volume de leite, porém, na maioria dos casos, isso acontece porque o recém-nascido não está sugando devidamente.

O ideal é que o bebê tenha um ambiente tranquilo e relaxante para mamar. Também existem diversos exercícios que auxiliam para a pega correta. E em qualquer situação lembre-se: quanto mais o bebê mama, mais leite a mãe produz. E sempre lembre também que o peito é fábrica, e não estoque, ou seja, a maior parte do leite será produzido enquanto o bebê estiver mamando.

A pega e a posição corretas estão diretamente ligadas à uma boa produção de leite, já que garantem o esvaziamento completo da mama e o organismo entende que precisa produzir mais.

Reforçando alguns sinais da pega correta:

-O bebê abocanha a aréola, e não o mamilo;

– O rosto do bebê está virado para a mama, com a boca o mais aberta possível;

– Lábios do bebê virados para fora e queixo encostando na mama.

Bico invertido

Isso ocorre quando o mamilo é voltado para dentro, e não para fora, dificultando a amamentação. Na tentativa de resolver o problema, muitas mulheres procuram bicos de silicone ou conchas, para ajudar na formação do mamilo. Porém, essas soluções não são as mais indicadas e podem gerar ainda mais problemas.

O mais importante a ser dito é que o bico invertido não impede a amamentação. Durante a gestação não é preciso nenhum preparo (aliás eles são contra indicados), porém, logo após o nascimento, uma série de medidas podem ser tomadas: massagens, correção da postura para amamentar e outras técnicas.

Por mais difícil que a amamentação seja, ela é um dos maiores atos de amor e doação. Os pais, principalmente as mães, devem entender que a principal arma para resolver os problemas ligados ao aleitamento é a informação de qualidade. Ainda durante a gravidez, procure cursos de aleitamento e grupos de mulheres que já passaram por isso, isso também pode ajudar.

Quero deixar bem claro aqui que mães que não conseguiram amamentar, por qualquer que seja o motivo, não serão “menos mães” por isso e nem amam menos seus filhos do que as que amamentaram. Minha função aqui é trazer informação e acolher quem está com dificuldades. Lembrando que até os 6 meses de vida o recomendado é aleitamento materno exclusivo, sem necessidade de água, chá ou qualquer outro tipo de complemento.

Caso esteja com qualquer dificuldade para amamentar, converse com o seu pediatra o mais rápido possível.

Quer saber mais? Estou à disposição para solucionar qualquer dúvida que você possa ter e ficaremos muito feliz em responder aos seus comentários sobre este assunto. Leia outros artigos e conheça mais do nosso trabalho como pediatra em São Paulo!

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